Introdução
A Folia de Reis é uma das manifestações folclóricas mais fascinantes do Brasil. Com raízes no legado lusitano, esta celebração tem o poder de unir música, fé e comunidade em um mesmo propósito: recriar a viagem dos três Reis Magos guiados pela Estrela de Belém até o Menino Jesus. Nos interiores de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e outras regiões, grupos de foliões percorrem as ruas de 24 de dezembro a 6 de janeiro, tocando tamborins, violas e sanfonas — ajudando a manter viva essa rica tradição.
Neste artigo completo descubra:
- A origem e a simbologia por trás da Folia
- As personagens, instrumentos e canções tradicionais
- Como funciona a peregrinação e o roteiro das visitas
- Dicas práticas para quem deseja conhecer ou participar

Origem e significado da Folia de Reis
Raízes europeias e difusão no Brasil
A Folia de Reis tem origem em celebrações cristãs de Portugal e Espanha. Por volta do século XIX, essas práticas migraram para o Brasil, ganhando força especialmente em áreas rurais.
Da devoção ao entretenimento
O rito mistura religiosidade com diversão — o objetivo principal da Folia não é doar, mas ser acolhido com alimento e hospitalidade, em troca da música e boa energia.
Simbolismo dos presentes dos Reis Magos
- Ouro: realeza
- Incenso: divindade
- Mirra: imortalidade
Estrutura e personagens da Folia
Quem compõe o grupo?
- Capitão / Mestre
- Contramestre
- Reis Magos (Gaspar, Melchior e Baltazar)
- Palhaços e alfeires
- Foliões (música, canto e dança)
Instrumentos populares
Violões, sanfonas, tamborins, reco-reco, zabumba, pandeiros, flautas e gaitas — muitas vezes de fabricação artesanal.
Estandarte (Doutrina)
Símbolo sagrado da Folia, com fitas, flores e imagens religiosas, o estandarte é portado com reverência durante a peregrinação.
A peregrinação – roteiro entre estrelas e tambores
Calendário das celebrações
- Início: 24 de dezembro (véspera de Natal)
- Culminância: 6 de janeiro (Dia de Reis/Epifania)
Visita domiciliar
Os foliões percorrem casas, tocando músicas, cantando e louvando. Os anfitriões retribuem com alimentos, bebidas e apoio financeiro.
Momento do remate (festa final)
Encerramento festivo com orações, discursos e refeições. O “canto da entrega” marca o retorno do estandarte para seu guardião e a despedida dos foliões até o próximo ano.

Músicas e versos populares
Repentes e cânticos litúrgicos
As músicas da Folia de Reis são uma das maiores expressões poéticas da tradição. Elas combinam fé, narrativa bíblica e elementos populares, com destaque para a Estrela de Belém, os Reis Magos, a Sagrada Família e a benção às casas visitadas.
Esses cânticos são chamados de modas, toadas ou repentes, com estruturas simples e repetitivas, ideais para serem cantadas em grupo. A tradição oral garante que muitas dessas músicas sejam passadas de geração em geração, com pequenas variações regionais.
Citações tradicionais:
“Quando a estrela apareceu, lá no Oriente brilhou. Os três Reis Magos saíram, onde o Menino chegou.”
“Capitão pede licença, para com a Folia entrar. Trazer a benção dos Reis, e a alegria espalhar.”
“Esta casa é tão bonita, tão alegre e tão formosa. Merece a visita dos Reis, com sua bandeira gloriosa.”
As melodias são acompanhadas por violão, caixa, acordeon, flauta, pandeiro e tambor, criando uma atmosfera única, com forte apelo emocional e espiritual.
Performance teatral
Além da música, a Folia de Reis também é conhecida por sua expressividade teatral. Os foliões não apenas cantam: eles interpretam personagens bíblicos e cômicos, como forma de entreter e também transmitir valores religiosos e culturais.
Elementos teatrais comuns:
- Os palhaços: figuras caricatas que misturam humor com crítica social, por vezes assustando crianças e divertindo adultos.
- Os três Reis Magos: trajando vestes brilhantes, seguem o estandarte como guia.
- O boi, o burrinho e os pastores: alguns grupos encenam a cena do presépio.
- Combates simbólicos: como a luta do bem contra o mal, representada em encenações com espadas e máscaras.
Essa teatralidade é essencial para manter o envolvimento da comunidade, especialmente em áreas onde a Folia é uma das poucas atrações culturais do ano.
Roteiro prático para acompanhar a Folia
Quando e onde
A Folia acontece em pequenas cidades e comunidades rurais entre 24 de dezembro e 6 de janeiro, especialmente em SP, MG, BA, RJ, ES e GO.
Como participar
- Verifique programação local
- Entre em contato com o “capitão” para integrá-lo
- Venha preparado (“promessa”) com doações de alimentos e utensílios
O que levar
- Roupas confortáveis
- Provisões (water, lanche, capa de chuva)
- Respeito à tradição e aos vestígios religiosos e culturais
Checklist — antes de seguir a Folia
Item | Detalhes |
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Datas | 24/12 a 06/01 |
Locais | SP, MG, BA (entre outros) |
Contatos | Capitão/Mestre local |
Vestimenta | Roupas leves e confortáveis |
Doações | Alimentos, bebidas, mantimentos |
Registro | Câmera/smartphone para fotos |
Postura | Respeitosa, participativa |

Conclusão
A Folia de Reis é mais do que uma tradição: é um convite à celebração coletiva, à partilha de fé e cultura, ao reencontro com raízes que conectam passado e presente. Participar dessa peregrinação entre estrelas e tambores é mergulhar no coração do Brasil. Quer vivenciar essa experiência única? Pesquise as Folias na sua região, entre em contato com uma comunidade local e faça sua promessa. Viva a magia da Folia de Reis ainda hoje!
Pronto para vivenciar a Folia de Reis?
Entre em contato com grupos locais, participe de uma visita e compartilhe sua experiência com nossa comunidade.
Belisa Everen é a autora e idealizadora do blog Encanta Leitura, onde compartilha sua paixão por explorar e revelar as riquezas culturais do Brasil e do mundo. Com um olhar curioso e sensível, ela se dedica a publicar artigos sobre cultura, costumes e tradições, gastronomia e produtos típicos que carregam histórias e identidades únicas. Sua escrita combina informação, sensibilidade e um toque pessoal, transportando o leitor para diferentes lugares e experiências, como se cada texto fosse uma viagem cultural repleta de aromas, sabores e descobertas.